A COOPERAÇÃO NO CORTE MECANIZADO DA CANA-DE-AÇÚCAR: UM ESTUDO MULTICASO

A mecanização do corte de cana-de-açúcar no Brasil tem avançado nos últimos anos e transformado completamente o trabalho no campo. No corte mecanizado, a máquina colhedora opera sempre acompanhada de um veículo de transbordo que recebe a carga, mantendo um sistema de sincronismo para o deslocamento....

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Bibliographic Details
Main Authors: Lidiane Regina Narimoto, João Alberto Camarotto, Francisco José da Costa Alves
Format: Article
Language:English
Published: Associação Brasileira de Ergonomia 2018-01-01
Series:Ação Ergonômica
Subjects:
Online Access:https://revistaacaoergonomica.org/article/doi/10.4322/rae.v13e201803
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Description
Summary:A mecanização do corte de cana-de-açúcar no Brasil tem avançado nos últimos anos e transformado completamente o trabalho no campo. No corte mecanizado, a máquina colhedora opera sempre acompanhada de um veículo de transbordo que recebe a carga, mantendo um sistema de sincronismo para o deslocamento. Esta característica do corte mecanizado pressupõe o estabelecimento de uma relação de cooperação entre o operador da máquina colhedora e o operador do transbordo (tratorista). O objetivo do presente trabalho foi aprofundar o entendimento desta relação de cooperação e seu papel na regulação da carga de trabalho dos operadores de máquinas colhedoras. Como abordagem metodológica, foi utilizada a Análise Ergonômica do Trabalho (AET) com as seguintes técnicas de pesquisa: observações, filmagens e fotografias, entrevistas abertas e semiestruturadas e a entrevista em autoconfrontação. Foram estudadas frentes de corte de três usinas de açúcar e álcool localizadas na região de Piracicaba/SP. Foi observado que a colheita nessa região se dá, em grande parte, em terrenos com declividade. Embora em teoria não se possa colher mecanicamente em terrenos com declividade superior a 12%, foi observado que todas as usinas alocam as máquinas nesses terrenos e cortam o possível. Uma das estratégias adotadas pelos operadores nestas situações é o equilíbrio da máquina através do seu elevador. Entretanto, o sucesso do corte em terrenos declivosos depende também da relação de cooperação estabelecida com o tratorista dado o risco de acidentes: o operador repousa o elevador sobre o transbordo a fim de garantir maior estabilidade. Além disso, a relação de cooperação é importante, pois facilita diversas tarefas para ambos atores. Da mesma forma, foi observado que ela também pode ser fonte de constrangimento adicional. Conclui-se que a relação de cooperação operador-tratorista é complexa, influenciando diretamente o processo de elaboração de estratégias de regulação e inclusive, suprindo uma limitação técnica da máquina colhedora.
ISSN:1519-7859
2965-7318