PE-007 Desafos no tratamento da Leishmaniose Visceral no Sistema Único de Saúde (SUS): uma análise comparativa das recomendações disponíveis

Introdução: A leishmaniose visceral (LV) é uma zoonose de acometimento sistêmico e, se não tratada adequadamente, pode ser fatal em até 90% dos casos. Considerada uma doença tropical negligenciada (DTN) pela Organização Mundial da Saúde (OMS), a meta é que seja eliminada até 2030. O diagnóstico pr...

Full description

Saved in:
Bibliographic Details
Main Authors: Monica Cristiane Rodrigues, Adriane Lopes Medeiros Simone, Bruna Bento Santos, Stéfani Sousa Borges, Marta Cunha Lobo Souto, Izabella Brito, Nicole Freitas de Mello, Daniela Oliveira de Melo
Format: Article
Language:English
Published: Instituto Nacional de Assistência Farmacêutica e Farmacoeconomia 2025-03-01
Series:Jornal de Assistência Farmacêutica e Farmacoeconomia
Subjects:
Online Access:https://www.ojs.jaff.org.br/ojs/index.php/jaff/article/view/1132
Tags: Add Tag
No Tags, Be the first to tag this record!
_version_ 1850199672810897408
author Monica Cristiane Rodrigues
Adriane Lopes Medeiros Simone
Bruna Bento Santos
Stéfani Sousa Borges
Marta Cunha Lobo Souto
Izabella Brito
Nicole Freitas de Mello
Daniela Oliveira de Melo
author_facet Monica Cristiane Rodrigues
Adriane Lopes Medeiros Simone
Bruna Bento Santos
Stéfani Sousa Borges
Marta Cunha Lobo Souto
Izabella Brito
Nicole Freitas de Mello
Daniela Oliveira de Melo
author_sort Monica Cristiane Rodrigues
collection DOAJ
description Introdução: A leishmaniose visceral (LV) é uma zoonose de acometimento sistêmico e, se não tratada adequadamente, pode ser fatal em até 90% dos casos. Considerada uma doença tropical negligenciada (DTN) pela Organização Mundial da Saúde (OMS), a meta é que seja eliminada até 2030. O diagnóstico precoce e o tratamento adequado são essenciais para reduzir a mortalidade da LV. Objetivo: Este trabalho teve como objetivo comparar as recomendações para tratamento de LV empregadas no Brasil com as propostas pela Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) para a Região das Américas. Material e Método: realizou-se a leitura do “Manual de Vigilância e Controle da Leishmaniose Visceral do Ministério da Saúde (MS) do Brasil publicado em 2014 e as “Diretrizes para o tratamento das Leishmanioses nas Américas de 2022” da OPAS, além das notas técnicas do MS relacionadas ao tratamento da doença, com a extração das recomendações para o tratamento farmacológico de LV. As informações foram registradas em uma planilha Excel, permitindo sua comparação. Resultados: O manual do MS apresenta o antimoniato de meglumina como primeira linha de tratamento para crianças e adultos imunocompetentes, além de anfotericina B desoxicolato e lipossomal, sendo esta última reservada a pacientes graves, tratamento e proflaxia secundária de coinfectados HIV/leishmania e alguns casos especiais (>50 anos, <1 ano e gestantes), devido ao seu alto custo. Já na diretriz da OPAS, a anfotericina B lipossomal é recomendada como medicamento de primeira escolha para crianças e adultos imunocompetentes e imunocomprometidos, além de proflaxia secundária de coinfecção Leishmania/HIV, devido ao seu melhor perfl de segurança e adesão. Antimoniato de meglumina e anfotericina B desoxicolato são sugeridos como alternativas para o tratamento de imunocompetentes. Para imunocomprometidos, na impossibilidade de uso de anfotericina B lipossomal, sugere-se, respectivamente, outra formulação lipídica ou desoxicolato. Anfotericina B complexo lipídico também é a melhor alternativa frente à lipossomal para situações específcas, como pacientes >50 anos, <1 ano, insufciência (renal, hepática, cardíaca), alterações no intervalo QT, hipersensibilidade ou falha terapêutica aos antimoniais pentavalentes ou outros, gestantes e lactantes. Não é recomendado o uso dos antimoniais para imunocomprometidos e miltefosina em geral em nenhum documento. Conclusão: Atualmente, a principal lacuna assistencial no SUS é a oferta de anfotericina B lipossomal para o tratamento de todas as pessoas com LV. A avaliação da incorporação da anfotericina B complexo lipídico no SUS também parece oportuna quando o uso da apresentação lipossomal não for possível, essencialmente por grupos específcos. Considerando que a anfotericina lipossomal é subsidiada pela OPAS em aquisições do MS, um desafo para compatibilização das diretrizes nacionais às regionais será a condução de estudos econômicos, mas principalmente o fnanciamento dos medicamentos a nível federal.
format Article
id doaj-art-657ece4e4fc84716a04c6835f39ea2b6
institution OA Journals
issn 2525-5010
2525-7323
language English
publishDate 2025-03-01
publisher Instituto Nacional de Assistência Farmacêutica e Farmacoeconomia
record_format Article
series Jornal de Assistência Farmacêutica e Farmacoeconomia
spelling doaj-art-657ece4e4fc84716a04c6835f39ea2b62025-08-20T02:12:34ZengInstituto Nacional de Assistência Farmacêutica e FarmacoeconomiaJornal de Assistência Farmacêutica e Farmacoeconomia2525-50102525-73232025-03-019s.210.22563/2525-7323.2025.v9.s2.p.15PE-007 Desafos no tratamento da Leishmaniose Visceral no Sistema Único de Saúde (SUS): uma análise comparativa das recomendações disponíveisMonica Cristiane RodriguesAdriane Lopes Medeiros SimoneBruna Bento SantosStéfani Sousa BorgesMarta Cunha Lobo SoutoIzabella BritoNicole Freitas de MelloDaniela Oliveira de Melo Introdução: A leishmaniose visceral (LV) é uma zoonose de acometimento sistêmico e, se não tratada adequadamente, pode ser fatal em até 90% dos casos. Considerada uma doença tropical negligenciada (DTN) pela Organização Mundial da Saúde (OMS), a meta é que seja eliminada até 2030. O diagnóstico precoce e o tratamento adequado são essenciais para reduzir a mortalidade da LV. Objetivo: Este trabalho teve como objetivo comparar as recomendações para tratamento de LV empregadas no Brasil com as propostas pela Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) para a Região das Américas. Material e Método: realizou-se a leitura do “Manual de Vigilância e Controle da Leishmaniose Visceral do Ministério da Saúde (MS) do Brasil publicado em 2014 e as “Diretrizes para o tratamento das Leishmanioses nas Américas de 2022” da OPAS, além das notas técnicas do MS relacionadas ao tratamento da doença, com a extração das recomendações para o tratamento farmacológico de LV. As informações foram registradas em uma planilha Excel, permitindo sua comparação. Resultados: O manual do MS apresenta o antimoniato de meglumina como primeira linha de tratamento para crianças e adultos imunocompetentes, além de anfotericina B desoxicolato e lipossomal, sendo esta última reservada a pacientes graves, tratamento e proflaxia secundária de coinfectados HIV/leishmania e alguns casos especiais (>50 anos, <1 ano e gestantes), devido ao seu alto custo. Já na diretriz da OPAS, a anfotericina B lipossomal é recomendada como medicamento de primeira escolha para crianças e adultos imunocompetentes e imunocomprometidos, além de proflaxia secundária de coinfecção Leishmania/HIV, devido ao seu melhor perfl de segurança e adesão. Antimoniato de meglumina e anfotericina B desoxicolato são sugeridos como alternativas para o tratamento de imunocompetentes. Para imunocomprometidos, na impossibilidade de uso de anfotericina B lipossomal, sugere-se, respectivamente, outra formulação lipídica ou desoxicolato. Anfotericina B complexo lipídico também é a melhor alternativa frente à lipossomal para situações específcas, como pacientes >50 anos, <1 ano, insufciência (renal, hepática, cardíaca), alterações no intervalo QT, hipersensibilidade ou falha terapêutica aos antimoniais pentavalentes ou outros, gestantes e lactantes. Não é recomendado o uso dos antimoniais para imunocomprometidos e miltefosina em geral em nenhum documento. Conclusão: Atualmente, a principal lacuna assistencial no SUS é a oferta de anfotericina B lipossomal para o tratamento de todas as pessoas com LV. A avaliação da incorporação da anfotericina B complexo lipídico no SUS também parece oportuna quando o uso da apresentação lipossomal não for possível, essencialmente por grupos específcos. Considerando que a anfotericina lipossomal é subsidiada pela OPAS em aquisições do MS, um desafo para compatibilização das diretrizes nacionais às regionais será a condução de estudos econômicos, mas principalmente o fnanciamento dos medicamentos a nível federal. https://www.ojs.jaff.org.br/ojs/index.php/jaff/article/view/1132Leishmaniose Visceral; Diretrizes Clínicas; Medicamentos Essenciais
spellingShingle Monica Cristiane Rodrigues
Adriane Lopes Medeiros Simone
Bruna Bento Santos
Stéfani Sousa Borges
Marta Cunha Lobo Souto
Izabella Brito
Nicole Freitas de Mello
Daniela Oliveira de Melo
PE-007 Desafos no tratamento da Leishmaniose Visceral no Sistema Único de Saúde (SUS): uma análise comparativa das recomendações disponíveis
Jornal de Assistência Farmacêutica e Farmacoeconomia
Leishmaniose Visceral; Diretrizes Clínicas; Medicamentos Essenciais
title PE-007 Desafos no tratamento da Leishmaniose Visceral no Sistema Único de Saúde (SUS): uma análise comparativa das recomendações disponíveis
title_full PE-007 Desafos no tratamento da Leishmaniose Visceral no Sistema Único de Saúde (SUS): uma análise comparativa das recomendações disponíveis
title_fullStr PE-007 Desafos no tratamento da Leishmaniose Visceral no Sistema Único de Saúde (SUS): uma análise comparativa das recomendações disponíveis
title_full_unstemmed PE-007 Desafos no tratamento da Leishmaniose Visceral no Sistema Único de Saúde (SUS): uma análise comparativa das recomendações disponíveis
title_short PE-007 Desafos no tratamento da Leishmaniose Visceral no Sistema Único de Saúde (SUS): uma análise comparativa das recomendações disponíveis
title_sort pe 007 desafos no tratamento da leishmaniose visceral no sistema unico de saude sus uma analise comparativa das recomendacoes disponiveis
topic Leishmaniose Visceral; Diretrizes Clínicas; Medicamentos Essenciais
url https://www.ojs.jaff.org.br/ojs/index.php/jaff/article/view/1132
work_keys_str_mv AT monicacristianerodrigues pe007desafosnotratamentodaleishmaniosevisceralnosistemaunicodesaudesusumaanalisecomparativadasrecomendacoesdisponiveis
AT adrianelopesmedeirossimone pe007desafosnotratamentodaleishmaniosevisceralnosistemaunicodesaudesusumaanalisecomparativadasrecomendacoesdisponiveis
AT brunabentosantos pe007desafosnotratamentodaleishmaniosevisceralnosistemaunicodesaudesusumaanalisecomparativadasrecomendacoesdisponiveis
AT stefanisousaborges pe007desafosnotratamentodaleishmaniosevisceralnosistemaunicodesaudesusumaanalisecomparativadasrecomendacoesdisponiveis
AT martacunhalobosouto pe007desafosnotratamentodaleishmaniosevisceralnosistemaunicodesaudesusumaanalisecomparativadasrecomendacoesdisponiveis
AT izabellabrito pe007desafosnotratamentodaleishmaniosevisceralnosistemaunicodesaudesusumaanalisecomparativadasrecomendacoesdisponiveis
AT nicolefreitasdemello pe007desafosnotratamentodaleishmaniosevisceralnosistemaunicodesaudesusumaanalisecomparativadasrecomendacoesdisponiveis
AT danielaoliveirademelo pe007desafosnotratamentodaleishmaniosevisceralnosistemaunicodesaudesusumaanalisecomparativadasrecomendacoesdisponiveis