Tratamento Farmacológico das Dimensões Sintomáticas da Perturbação de Personalidade Borderline: Recomendações Baseadas na Evidência
A perturbação de personalidade borderline (PPBL) constitui‑se como uma perturbação da personalidade usualmente exigente quanto ao tratamento, caracterizada por desregulação afetiva persistente, instabilidade da identidade ou autoestima, impulsividade, conflitos interpessoais persistentes e comporta...
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Format: | Article |
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Published: |
Sociedade Portuguesa de Psiquiatria e Saúde Mental
2025-01-01
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Series: | Revista Portuguesa de Psiquiatria e Saúde Mental |
Subjects: | |
Online Access: | http://www.revistapsiquiatria.pt/index.php/sppsm/article/view/542 |
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author | Carlos Siopa Francisco Silva Inês Souto Braz |
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A perturbação de personalidade borderline (PPBL) constitui‑se como uma perturbação da personalidade usualmente exigente quanto ao tratamento, caracterizada por desregulação afetiva persistente, instabilidade da identidade ou autoestima, impulsividade, conflitos interpessoais persistentes e comportamentos autolesivos. O intenso sofrimento subjetivo e o aumento das necessidades de saúde também são característicos desta perturbação. Embora a psicoterapia seja o tratamento gold‑standard, o tratamento farmacológico torna‑se necessário em vários casos.
As presentes recomendações visam uma melhor gestão farmacológica da PPBL, fundamentada numa revisão abrangente da literatura que incluiu estudos relevantes e orientações clínicas de organizações como o National Institute for Health and Care Excellence, a World Federation of Societies of Biological Psychiatry e o Australian National Health and Medical Research Council. Diferentes fármacos podem efetivamente melhores diferentes dimensões sintomáticas: alterações cognitivo‑percetuais, desregulação afetiva, impulsividade e disfunção interpessoal.
As principais conclusões indicam que os antidepressivos, particularmente os ISRS e os tricíclicos, demonstram eficácia na redução dos sintomas depressivos e da impulsividade. Os estabilizadores de humor, incluindo a lamotrigina e o valproato, mostraram benefícios para a desregulação emocional e comportamentos impulsivos. Os antipsicóticos, nomeadamente o aripiprazol e a olanzapina, proporcionam alívio da desregulação emocional severa e da agressão impulsiva. Destaca‑se a eficácia do aripiprazol no tratamento de todas as dimensões sintomáticas. Contudo, uma consideração cuidadosa do perfil de efeitos adversos é crucial, dado o potencial para efeitos indesejáveis, particularmente em populações vulneráveis.
Apesar da utilidade reconhecida das intervenções farmacológicas, as limitações na literatura existente, como a variabilidade metodológica e a falta de consenso nas definições de sintomas, limitam a interpretação dos resultados.
São necessários estudos longitudinais que avaliem tanto os resultados a curto como a longo prazo do tratamento farmacológico. Um compromisso contínuo com a investigação, dentro de um quadro multidisciplinar, é essencial para otimizar a gestão clínica da PPBL e aprimorar a nossa compreensão da eficácia dos psicofármacos nesta perturbação.
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