A DESCONFIANÇA NA ANÁLISE DE ACIDENTES: O CASO DE UM NAVIO-SONDA DE PERFURAÇÃO BRASILEIRO

A confiança é considerada um dos principais elementos definidores da cultura de segurança. Ao baixo nível de confiança se associam diversos malefícios, como redução da cooperação e omissão de problemas, que podem levar a acidentes. Na análise de acidentes, a confiança é um elemento crucial para evit...

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Main Authors: Eliel Prueza de Oliveira, Mateus Pereira Abraçado, Mariana Toledo Martins, Vitor Fernando Silva Gomes Pereira, Bruno Cesar Kawasaki, Maria das Graças Sinésio da Silva, Francisco de Paula Antunes Lima, Francisco José de Castro Moura Duarte
Format: Article
Language:English
Published: Associação Brasileira de Ergonomia 2023-01-01
Series:Ação Ergonômica
Subjects:
Online Access:https://revistaacaoergonomica.org/doi/10.4322/rae.v17n2.e202302
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Description
Summary:A confiança é considerada um dos principais elementos definidores da cultura de segurança. Ao baixo nível de confiança se associam diversos malefícios, como redução da cooperação e omissão de problemas, que podem levar a acidentes. Na análise de acidentes, a confiança é um elemento crucial para evitar receio de punições e obter um relato fidedigno do acontecido, promovendo um ambiente de aprendizado e, assim, melhorar a segurança nas organizações. Dentre os vários aspectos envolvidos no estudo da confiança, este artigo visa, especificamente, identificar como as relações de confiança impactam e são impactadas pelos processos de análise de acidentes. Para tanto, um estudo de caso é conduzido com a força de trabalho de um navio-sonda de construção de poços marítimos no Brasil. Relatos coletados em grupos focais foram a principal fonte de dados, além de entrevistas e observações diretas. A análise do material revela a existência de desconfiança e retenção de informações, que configuram barreiras psicológicas e comunicacionais entre a força de trabalho e as empresas contratadas e contratantes. Essas questões se relacionam a fatores como investigações que tendem à culpabilização e a tentativa de coibir o silêncio defensivo através da vinculação de indicadores de segurança à avaliação de desempenho do navio-sonda. Constata-se que a capacidade de aprendizado organizacional é impactada pela desconfiança sobre a liderança e o processo de investigação de acidentes, e que essa desconfiança está atrelada a uma cultura de culpabilização. Por fim, propõem-se para pesquisas futuras o contraste entre os resultados de metodologias de investigação de ocorrências que tendem à culpabilização e metodologias que alimentam a confiança como base do processo de aprendizado coletivo.
ISSN:1519-7859
2965-7318